Tuesday, July 18, 2006


PALAVRAS

Palavras são apenas palavras quando não ditas com a alma.
No respeito por isto, e porque gosto das palavras, escrevo-as ditadas pela alma.
Decidido que estou em levar por diante este principio, apetece-me escrever-te.
Escrever-te sem que reprima as palavras mais violentas.
Vou deixa-las sair sempre na sua forma autentica.
Vou deixa-las exprimir, tanto quanto puder, o sentir... o meu sentir.

Obrigado por aquilo que foste, que és e que continuarás a ser.
Obrigado também por seres a luz que ilumina o meu caminho.
Obrigado pelo que me fazes sentir.
Obrigado pelo calor e pela companhia que me fazes diariamente.
Obrigado....
Obrigado pelos momentos, pelas palavras, pelo calor que me deixas trocar contigo.
Obrigado ainda por me deixares amar-te.
Nas ondas onde navego

As tuas palavras vieram florir os meus dias.
A tua doçura soltou-se como o mais suave dos perfumes.

O teu carinho brilhou nos meus olhos.
Estou feliz por ter a tua amizade e por poder partilhar contigo os meus sonhos...
Nos teus olhos vejo o mar,

símbolo de amor e perdição enquadrados num rosto onde sonho,
com amizade e paixão...
Nos teus cabelos vejo ondas, e mergulho num sonho sem fim,
sem horas de regresso à realidade...
Das tuas sábias palavras,

sou um crente atento e apaixonado,
desejando passar de um papel passivo,
a uma acção de um papel desejado...
Posso não conseguir exprimir por acções o que vai no meu íntimo ser,
mas o facto é que gosto,
de contigo eu ser,
ser apenas eu...
eu penso...
ter um horizonte sempre claro na minha vida,
ter a força e a coragem das ondas,
ter um mar de possibilidades de saber,
ter o prazer de navegar em todos os mares do viver,
ter sempre a esperança como leme,
ter a liberdade de voar sempre no meu querer...
Sabes....
sabes

por vezes queria beijar-te
mesmo longe no espaçosei que consentirias
sei que querias
os beijos apagam o desejo
É bom sabermos quanto nos queremos

sem ousarmos sequer tocar nossos corpos
hoje tenho pena por estar longe
tenho pena de não poder percorrer teu corpo
como percorro os mapas
com os dedos teria viajado em ti

do pescoço às mão da boca ao sexo
tenho pena de não poder murmurar teu nome no escuro
acordado
perto de ti as noites seriam de ouro
e as mãos teriam guardado o sabor de teu corpo
ah minha querida
estou definitivamente só
estou preparado para o grande isolamento da noite
para o eterno anonimato da mortemas perdi o medo
a loucura assola-me
preparo a última viagem às Índias imaginadas
disseram-me que só ali se pode descansar da vida
e da morte
perscruto a razão profunda desta viagem
hesito
Sei que por muito longe que me encontre

se pousares a tua mão sobre a minha testa
senti-lo-ei
esse gesto aliviar-me-á de todas as dores
a manhã aproxima-se cortante
ouço barcos largarem do cais
preparo a lâmina
estendo velas em agonia uma lâmina de vidro
para fender as águas imperturbáveis do dia sem bússola
destruo cartas papéis manuscritos outros sinais
destruo imagens que me chamam e me querem reter aqui
releio estas poucas palavras para ti: child of the moon
debaixo das cerejeiras uma serpente antiga adormeceu
em tuas mãos de pétalas lunares
movem-se astros em cima da alba da pele
olharemos os insectos perfurarem a treva da noite
e tecerem claridades
mas não temos mais noite a desvendar
lembro-me
a cidade está cada vez mais rente à nossa separação
Ao fim de uma tarde

que o tempo se encarrega de fazer passar depressa
caminhamos em direcções opostas
ou melhor
eu caminho para norte enquanto tu voltas á tua cidade
a noite aproxima-se com seus territórios de sombra e fábula
areias penumbras oscilantes apagando resíduos de corpos
teu corpo minúsculo arrefece dentro de mim
quando as feras despertam nos olhos abandono-me
à lama colorida dos terrenos vagos
dói-me a voz ao chegar aos lábios
os dedos penetram o metal
cintilam conchas abertas ao sonho
onde terei abandonado a nossa paixão?